Arquivo do dia: 21 de maio de 2013

Desengavetando VIII


Depois dum intervalo um pouquinho maior, eis de volta Desengavetando, com cinco poemas bem queridos. Na verdade, eu os considero mais queridos do que bons, mas o negócio é desengavetar, certo? Foi esse o acordo firmado, desde a primeira publicação, afinal… O primeiro é especialmente dedicado ao vindouro 25 de maio (acompanhe aqui em Transversos que ficarás a par).

 

 

CREPÚSCULO ESMERALDA (ou A um amigo chamado Hal Jordan)

 

Longe…

A bateria pulsa

ligada ao coração de Oa,

de onde uma voz

anã azulada ecoa:

“No dia mais claro,

na noite mais densa,

o mal sucumbirá

ante a minha presença…”

 

Guardo por presente,

o anel que me deste,

sendo destro,

em vil rompante,

última viagem verdejante.

 

 

SONETO SHAKESPEARIANO

 

Hamnet lúgubre em sua tumba

chorado por fadas, duendes e arlequins

distanciado da floresta vetusta

no pretérito fantasioso que fora assim

num limiar do real que assusta.

 

Rosencrantz e Guildenstern solitários na torre

lamuriosos por seu rei atraiçoado

em busca do preciso ponto de escape

redenção de aflição de um todo

plangente em atormentado desespero célere.

 

Oh! doce Yorick, tutor de alegrias

saudoso das paixões que virão.

 

Te reencontro por aí na picardia

numa próxima e onírica encarnação.

 

 

BETA CARENINA

Olhos de lince na noite eterna,

Alfa, Beta, Gama…Ômega…

Princípio do todo infinito.

Pulsar no Sempre!

Pedras gêmeas orbitando.

Um grão de areia na Terra,

um microquark,

meio angstrom.

Resposta enigmática!

Lar, Universo, Plenitude!

 

Todo o tudo é absurdamente pouco!

∞ +++

 

OBSESSÕES

shitbrix

A espreita…
fria e cruenta,
de pavor nutrida,
enamorada mórbida
de teu olhar
vidrado, petrificado.

A carência e a querência
de teu grito introjetado,
de teu temor cultivado,
nas sombras que edificaram
as entranhas de tua alma
em putrefato ensimesmamento.

À espreita,
de teu ocaso casual,
reiterado, em rés existência,
presa consentida,
de ser sem sentido,
tão sensível a esta obsessão.

 

DOPPLER

A Terra gritantemente azul…
crepita incessante
em azulações crescentes
de frenéticas aproximações.

Azul desaconchegante,
invasivo, inebriante.

Segue-se a vermelhidão
inevitável, irreversível, célere
que recobre tudo
o que circunda.

Vermelho de menos viver,
distâncias a crescer.

Assim vivo em roxo.
Em roxo, sobrevivo.

Paradoxalmente roxo.

Roxamente.

 

 

 

desengavetar24

 

 

 

 

 

 

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